sábado, 25 de setembro de 2010

ESTÁGIO... Começo e fim em ciclos (Autor: Antonio Brás Constante)

ESTÁGIO... Começo e fim em ciclos

(Autor: Antonio Brás Constante)

 

Antes de começar um frio percorre sua espinha, antecipando o medo do novo estágio. Trabalhar com pessoas estranhas, tendo de aprender uma série de rotinas totalmente desconhecidas do que agora é seu mundo.

 

No primeiro dia a sensação de mal-estar se concentra no estômago. As horas vão passando, cheias de nomes e serviços que entram e saem de sua cabeça. Tudo é tão intenso, tão surreal. A cada momento algo novo, seja um rosto, uma tarefa ou um local dentro da empresa. Você não parece pertencer aquele lugar. Sentimentos de solidão e desamparo lhe possuem, lhe abraçam, acompanhando você na sua jornada de trabalho.

 

Chega o final do primeiro mês. A insegurança diminui diante de cada novo dia. Aos poucos começa a fazer parte daquele lugar. Não confia totalmente nas pessoas, mas o sentimento de acolhida de algumas lhe faz bem. A neblina do desconhecido desvanece. Vai conseguindo ir adiante, apesar dos tropeções, normais quando se está aprendendo. Aos poucos passa a se sentir como um membro da equipe.

 

Após seis meses o sentimento que se tem é de que já é uma peça integrada a engrenagem daquele ambiente. Vários amigos conquistados. O domínio do trabalho que antes lhe assustava, agora é algo corriqueiro. Ainda há tanto para aprender, mas como é gostoso poder fazer as tarefas por suas próprias mãos, independentemente na maioria das vezes. Você tem as suas coisas, gavetas, folhagens, padronizações, fazendo cada vez parte do dia-a-dia da Empresa.

 

Então vem o final do primeiro ano. Alguns amigos se vão. Um cansaço toma conta de seu corpo e mente. Tanto tempo já se passou. Parece que faz anos e não meses que está ali. A partir desse momento, cada dia não será mais um dia. Agora a contagem é regressiva. Metade do estágio passou. Como um ano passa rápido.

 

Faltam seis meses para o final do seu contrato. Tantas pessoas novas nos setores. Você sente que sabe tudo do qual é encarregado. Está ciente do lugar de cada pasta. Têm disponíveis em sua memória todos os contatos profissionais. Possui o conhecimento calejado dentro de si. Ensina os novatos, e se sente importante pelo domínio que tem das tarefas que executa. Vez que outra se despede de outros veteranos, logo será sua vez.

 

Começa o ultimo mês na Empresa, difícil de acreditar que se passaram quase dois anos desde o primeiro dia. Quanta coisa aprendeu ali. Conhece cada pessoa e equipe. Sente-se como parte do lugar, como a mobília. Tantas alegrias e tristezas vividas. Não parece justo ter que sair. Você gosta do que faz, porém, logo terá de ir embora, mesmo não querendo. Pena, apesar de tudo, adora estar ali, não queria que acabasse assim.

 

Ultimo dia. Nos olhos dos colegas a saudade de alguém que está partindo, e a dor da perda daqueles que tiveram seus corações tocados por você. Um nó na garganta insiste em lhe fazer chorar. O dia é tão normal, tão parecido com os outros, com exceção que este é o seu último dia. No seu pensamento agora vem o gosto amargo do ressentimento ao lembrar que todo seu conhecimento será descartado, em sua maioria perdido. As suas gavetas passarão para outro, suas rotinas, anotações, pastas, tudo. Parece que sua vida será transferida para uma nova pessoa, que começara do zero em seu lugar, vivendo o que você viveu. É como se arrancassem parte de você. É cruel, mas não há o que se fazer. Somente aceitar. Você sabia das regras quando começou a trabalhar ali. Regras no papel, tão frias quando confrontadas com as lições da vida.

 

Um dia após o término do estágio. As sensações de vazio, tristeza e saudosismo mesclam-se em seus pensamentos. Você não verá mais todas aquelas pessoas, nem passará mais por aqueles corredores. Após dois anos tudo acabou. Não faz mais parte daquele lugar. Agora seu caminho é outro. Diferente daqueles com quem você por tanto tempo conviveu. A partir desse momento o jeito é respirar fundo e planejar um novo emprego. Quem sabe outro estágio. E quando acontecer, provavelmente um novo calafrio percorrerá sua espinha. Tudo novo... De novo.

 

NOVA NOTA DO AUTOR: Produzi um filme no Youtube (escrito, dirigido e encenado por este eterno aprendiz de escritor), se quiser assistir ao filme e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” (o filme foi feito em padrão 3D). Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br), ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

 

Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

 

ULTIMA DICA: Divulgue este texto aos seus amigos (vale tudo, o blog da titia, o Orkut do cunhado, o MSN do vizinho, o importante é espalhar cada texto como sementes ao vento). Mas, caso não goste, tenha o prazer de divulgá-lo aos seus inimigos (entenda-se como inimigo, todo e qualquer desafeto ou chato que por ventura faça parte de um pedaço de sua vida ou tente fazer sua vida em pedaços).

 

 

sábado, 18 de setembro de 2010

A SINA DE UM ESCRITOR ANÔNIMO (Autor: Antonio Brás Constante)

A SINA DE UM ESCRITOR ANÔNIMO

(Autor: Antonio Brás Constante)

 

Pensando bem, ser um escritor desconhecido é uma veste que me cai bem, que lhe cai bem, que cai sobre os ombros de tantos outros também. Fora dos pedestais, procuramos alertas por sinais que se escondem de nossa procura. Nos desencontros de nossa lida de vida, escrita, transcrita, madura ou prematura. As tentativas frustradas são surras que levamos, por ousar almejar o reconhecimento que sonhamos.

 

A inexistência é o estigma que carregamos por toda existência. É nossa segunda pele, é o que sustenta nosso sentimento de impotência, diante de tantas potências que não enxergam o que lhes mostramos. E assim vão se passando milhares de horas, e assim vamos morrendo por dentro e por fora... Como ontem... Como agora.

 

Vagamos pela sombra de poucas estrelas, com idéias na mente e um lápis na mão. Portas fechadas à frente, caminhos interditados sem passagem aos nossos passos. Dedos gigantes apenas apontam para seguirmos viagem de volta à multidão, que segue sem alento rumo ao esquecimento.

 

“Este mundo não lhe pertence”, “DESISTE!”. “Teu trabalho é bom, mas não temos espaço para tal expressão”. “Tenta daqui a algumas semanas, meses, anos”. Sua presença indesejada teimosamente nesta estrada, só merece uma resposta amarga: “sinto muito, mas no momento não queremos nada”.

 

Desculpe-me foi engano, a verdade dolorida muitas vezes não deve ser dita. Esta maldita realidade imposta e de tal forma impossível de ser transposta. Aqui fico parado na beira desta carreira, como um caroneiro que espera em uma porteira pela passagem do sucesso. Sou tal qual a poeira exposta pelas ruas, que se perde na eternidade das veracidades nuas, destes pequenos versos...

 

NOVA NOTA DO AUTOR: Produzi um filme no Youtube (escrito, dirigido e encenado por este eterno aprendiz de escritor), se quiser assistir ao filme e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” (o filme foi feito em padrão 3D). Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br), ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

 

Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

 

ULTIMA DICA: Divulgue este texto aos seus amigos (vale tudo, o blog da titia, o Orkut do cunhado, o MSN do vizinho, o importante é espalhar cada texto como sementes ao vento). Mas, caso não goste, tenha o prazer de divulgá-lo aos seus inimigos (entenda-se como inimigo, todo e qualquer desafeto ou chato que por ventura faça parte de um pedaço de sua vida ou tente fazer sua vida em pedaços).

 

 

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

VOCÊ RECONHECE OS PRESENTES QUE GANHA? (Autor: Antonio Brás Constante)

NOTA DO AUTOR: Nesta data (09.09.2010) morreu um grande escritor Canoense, Antonio José Giacomazzi, e para prestar uma homenagem ao nobre amigo das letras, envio o texto abaixo, extraído e forjado em uma conversa casual com ele, em uma bela tarde de sol, tendo como platéia uma legião de livros. Espero que apreciem. ABC

 

VOCÊ RECONHECE OS PRESENTES QUE GANHA?

(Autor: Antonio Brás Constante)

 

Bons presentes muitas vezes não custam dinheiro, mas em virtude disto, custamos a reconhecê-los como presentes. Uma troca de palavras pode ser bem mais preciosa do que uma jóia. Foi o que aconteceu em um dos dias em que estive prestigiando a feira do livro de Canoas de 2009. Estava eu na praça vendo as pessoas rodeadas pelas árvores e as árvores rodeadas de pessoas, tendo os livros preenchendo todos os demais espaços vazios. Naquele dia tive a oportunidade de conversar um pouco com o patrono do evento.

 

Para quem não o conheceu, posso descrever o patrono daquela feira do livro, Antonio José Giacomazzi, como um jovem de um pouco mais de sessenta anos, poeta, artista plástico, escritor e dono de uma mente indomável, capaz de criar obras lindíssimas, usando os papéis ou pinceis ao seu dispor. Ele me agraciou com uma história, dessas que ocorrem durante a valsa entre dois dançarinos hindus chamados de: espaço e tempo.

 

A história falava sobre a amizade entre um menino e um golfinho, e que graças a esta relação de amizade, o animal foi desenvolvendo acrobacias e malabarismos como forma de brincar e interagir com o garoto. Essas brincadeiras com ares de show circense foram atraindo pessoas de longe para conhecer e assistir ao espetáculo que ali acontecia.

 

Mas toda essa migração de pessoas de outras localidades começou a onerar o reino local, que se via obrigado a dar abrigo e comida para aquela multidão que ali se aglomerava, ansiosa para ver o menino e seu golfinho. O que o rei resolveu fazer então para sanar o problema? Matou o golfinho...

 

Antes que alguém possa pensar que esta história pretende falar sobre os políticos em geral, que com suas tantas atitudes cegas e burras acabam matando verdadeiros tesouros, no intuito simplista de resolver problemas administrativos, se enganou. Quero dizer que o rei está dentro de nós. Pois nossos atos geram políticos decepcionantes, matam golfinhos artistas e destroem presentes valiosos que deixamos de lado por não entendê-los como presentes. Ao cobiçar o jarro de ouro em um deserto, muitas vezes desperdiça-se a preciosa água guardada dentro dele, que poderia salvar uma vida.

 

Bons presentes devem ser partilhados, e por isso resolvi compartilhar de forma escrita esta bela história. E você? Já presenteou alguém, ou recebeu de presente algo que considera especial?

 

NOVA NOTA DO AUTOR: Produzi um filme no Youtube (escrito, dirigido e encenado por este eterno aprendiz de escritor), se quiser assistir ao filme e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” (o filme foi feito em padrão 3D). Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br), ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

 

Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

 

ULTIMA DICA: Divulgue este texto aos seus amigos (vale tudo, o blog da titia, o Orkut do cunhado, o MSN do vizinho, o importante é espalhar cada texto como sementes ao vento). Mas, caso não goste, tenha o prazer de divulgá-lo aos seus inimigos (entenda-se como inimigo, todo e qualquer desafeto ou chato que por ventura faça parte de um pedaço de sua vida ou tente fazer sua vida em pedaços).

 

 

 

sábado, 4 de setembro de 2010

A criança diferente e... VERDE? (Autor: Antonio Brás Constante)

A criança diferente e... VERDE?

(Autor: Antonio Brás Constante)

 

O menino foi batizado com o nome de “Ádveno”. Seria considerada praticamente uma criança normal, não fosse o tom meio esverdeado de sua pele. Um verde discreto que dependendo da luz mal podia ser percebido. Outro detalhe diferente era as suas sobrancelhas, que ao invés de serem feitas de pelos, eram formadas por pequenos carroços, como se fossem espinhas ou verrugas. Havia também um sinal em sua testa em forma de triângulo virado, mas nada com que se preocupar como diriam seus pais.

 

O garoto foi crescendo. Aos dois anos conseguia mover pequenos objetos pela casa com a força da mente. Seus olhos ganharam uma cor amarelada e seu cabelo não cresceu. Seus pais achavam que o problema do cabelo poderia ser disfarçado com certa facilidade, e que ele se tornaria popular na escola por conseguir levitar as coisas, ou seja, nada com que se preocupar.

 

Aos quatro anos ele ainda não falava nada compreensível, emitia alguns grunhidos apenas. Algo como: “pll’kwl’ugl” ou coisa parecida. Seus pais diziam que ele estava falando: “Mamãe”, mas que talvez tivesse a língua presa. O pai ainda brincava dizendo aos que consideravam aquele comportamento estranho, que a tal expressão “pll’kwl’ugl”, na verdade queria dizer: “Leve-me ao seu líder ou arranco suas entranhas pelo umbigo”, e depois soltava boas risadas diante dos olhos arregalados de seus conhecidos. A mãe lhe repreendia com o olhar, mas no fim os dois acabavam afirmando em coro que não havia nada com que se preocupar.

 

Com pouco mais de cinco anos, o menino viu um pronunciamento do presidente da república pela televisão, começou a apontar para o aparelho e gritar “pll’kwl’ugl!”, “pll’kwl’ugl!”. O pai ficou olhando para ele admirado com aquela atitude. A criança ao perceber que o homem não entendia seu pedido, começou a arranhar a barriga dele, enfiando o dedo em seu umbigo. O pai colocou-o de castigo, e para evitar novas crises do menino, resolveu vender a televisão. Mas é claro que não havia nada com que se preocupar.

 

Em 2012 o menino completou dez anos, e seus pais o levaram para visitar a capital do País. Não sabiam bem explicar porque decidiram fazer aquilo, simplesmente foram levados por um impulso. Ao chegar lá resolveram passear na sede do governo. Como era a semana da pátria, estava ocorrendo ali um desfile com a presença do presidente, que seguia sorridente em um veículo sem capota através da multidão de pessoas. Ele estava cercado por inúmeros policiais, guarda-costas e com a presença do exército. Um desfile feito com todo cuidado e muita segurança, ou seja, um lugar onde não havia nada com que se preocupar.

 

Os pais foram se aproximando do cordão de isolamento para esperar a passagem do presidente. Ali, para surpresa de ambos, puderam perceber outras crianças de pele esverdeada e com os tais calombinhos desenhando as sobrancelhas. Eram dezenas de crianças com a mesma aparência de seu filho, porém, sem o tal triângulo na testa. Ao perceberem a chegada do menino, toda aquela criançada baixou levemente a cabeça fazendo uma espécie de aceno com as mãos. Ele então se dirigiu a um dos policiais que impediam a passagem dos civis e ordenou: “pll’kwl’ugl!”. O homem soltou uma risada olhando para os pais do garoto e perguntou o que ele estava dizendo? Mas antes que qualquer coisa fosse respondida, o menino avançou sobre o policial, enfiando sua mão como uma lança no corpo dele, atravessando-o pelo umbigo e arrancando suas entranhas. Os outros meninos fizeram o mesmo com os demais guardas, juntando as mãos e lançando raios de seus olhos em direção aos carros de patrulha, fazendo com que os veículos explodissem. Dois meninos voaram em direção ao presidente. A partir daquele momento os pais de Ádveno começaram a se preocupar...

 

NOVA NOTA DO AUTOR: Produzi um filme no Youtube (escrito, dirigido e encenado por este eterno aprendiz de escritor), se quiser assistir ao filme e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” (o filme foi feito em padrão 3D). Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br), ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

 

Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

 

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