quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A ARMA (PARTE II) - O Natal de "S" - (Autor: Antonio Brás Constante)

MENSAGEM AOS LEITORES: Olá meus jovens leitores de todas as idades, antes de iniciar o último texto de 2010 (estou fugindo para praia por alguns dias, longe de micros, internet, telefones, etc.), quero lhes dizer que este ano foi bem atípico para mim. Iniciei 2010 pensando seriamente em parar de escrever (já que até mesmo as tentativas de divulgação do livro e o lançamento do vídeo de humor que fiz ficaram aquém de minhas expectativas, não conseguindo fazê-las fluir nem mesmo através de meus contatos). Eu cogitei em largar de vez esta minha amante caprichosa que é a escrita (que muitas vezes considero como uma praga irritante que domina minha mente e a qual trato como uma Rainha) e me contentar em utilizar meu tempo livre para dar mais atenção a minha segunda amante, a leitura, tantas vezes deixada de lado. Mas desisti de desistir, pois me dei conta de que sou um mero escravo totalmente submisso aos mandos e desmandos da escrita (isso não significa que estou dizendo que escrevo bem ou mal, apenas que não governo esta vontade). Não posso abandonar a escrita, simplesmente porque estou preso a ela por um desejo inexplicável. A única opção de liberdade seria ela me abandonar, largando as cordas que me prendem para que enfim eu possa encerrar a lida de tentar ser lido. Este ano alcancei e ultrapassei a marca de 300 leitores diretos, algo que me gratifica mesmo sem saber quantos de vocês realmente lêem os textos que envio. Quantos me permitem esta comunhão entre autor e leitor, doando para mim o seu precioso tempo. De qualquer modo, sendo você um leitor assíduo, eventual ou ausente, lhe agradeço a oportunidade de poder ter feito parte de sua vida, mesmo que através de apenas um único e singelo texto. Grande abraço natalino e de ano novo de novo (já que todo ano tem novamente de novo e de novo um ano novo). Boas leituras. ABC.

 

P.S: Mas se por acaso não receberem mais meus textos a partir de 2011 é porque o escritor que existia dentro de mim finalmente foi embora.

 

 

SOBRE O TEXTO A SEGUIR: Para quem não leu o texto “A arma (parte I)” vale lembrar que na época do desarmamento passei a escrever alguns esboços sobre o assunto em forma de contos, este é o segundo texto que fiz sobre o tema, onde a ideia seria transformar os textos em um livro que acabou engavetado, mas resolvi passar a publicar algumas de suas partes para não deixar o conteúdo totalmente esquecido. São textos fortes e pesados, por isso aos que forem continuar lhes desejo uma boa leitura...

 

A ARMA (PARTE II) – O Natal de “S

(Autor: Antonio Brás Constante)

 

Ela tinha feito 22 anos a poucas semanas. A inicial de seu nome era “S”, e este seria o pior Natal de sua vida. A consciência foi voltando ao seu corpo lenta e dolorosamente. Ela sentiu a laje fria onde estava deitada, seminua e indefesa. Suas roupas rasgadas e ensangüentadas. Tinha alguns dentes quebrados e sentia na boca um gosto nauseante de sangue e esperma. Seu corpo estava repleto de hematomas, advindos dos chutes, socos, tapas e mordidas que havia levado. Uma de suas costelas parecia trincada. A perna direita estava bem machucada.

 

Era madrugada do dia 25 de dezembro. A garota mal se lembrava de como foi parar ali, pois sua mente parecia ter bloqueado parte dos horrores pelos quais passou, na tentativa de lhe manter um pouco de sua sanidade. Ela estava voltando para casa do serviço quando o monstro-humano apareceu, e antes que pudesse perceber já estava dentro do carro dele, arrastada de forma brutal e nocauteada com um violento soco no rosto. Quando voltou a si já estava naquele lugar sujo e assustador, foi então que o terror começou. Ele bateu muito nela enquanto a estuprava, saboreando o sofrimento que causava, e quando achou que ela havia desmaiado, resolveu urinar em cima de seu corpo inerte, por pura perversão. Mas desta vez o maníaco cometera um erro, talvez por ela vir a ser a sua quinta vítima, ele tivesse ficado mais confiante e sujeito à falhas, pois não a amarrou ou drogou como as outras.

 

O monstro havia recebido a alcunha de assassino do Natal, algo que lhe deixava com certo orgulho por seus “trabalhos” serem reconhecidos pela mídia. Nos últimos anos ele sempre escolhia uma vítima aleatoriamente nesta época do ano. Seqüestrava, espancava e violentava a mulher. Depois a estrangulava e esquartejava, largando seus pedaços em vários pontos da cidade onde estava (sempre uma cidade diferente).

 

A garota, mesmo assustada, conseguiu a frieza necessária para manter a calma, fingindo que continuava desmaiada. Esperou até que o brutamontes se afastasse (provavelmente ele estaria indo ao carro para pegar mais bebida, ou quem sabe um facão para terminar o serviço), e iniciou sua fuga. Não conseguia correr, pois sua perna doía muito, mas mesmo mancando tentou se afastar o mais rápido que podia do seu cativeiro.

 

Descobriu que estava em uma zona aparentemente abandonada da cidade, um lugar desolado mesmo naquela época do ano. Havia prédios velhos de estrutura danificada e aparência maltratada e, o que era mais assustador: Ninguém para pedir ajuda. Nem um automóvel. Nem um pedestre. Mas ela não estava sozinha, mesmo distante podia sentir a presença do seu algoz cada vez mais perto, que a esta altura já havia percebido sua fuga.

 

Tomada pelo desespero S acabou entrando em um beco, na esperança de se esconder, mas se deu conta (somente quando já era tarde demais) de que o lugar era sem saída. O homem parou na entrada do beco. Estava chapado e alcoolizado. Ao perceber que não havia saída dali começou a rir da mulher, dizendo todas as atrocidades que faria com ela antes de matá-la. Ele era gigantesco perto dela. Tinha mais de um metro e noventa, e quase cento e vinte quilos, enquanto ela tinha estatura mediana, um belo corpo. Era loira (pintava os cabelos), e olhos extremamente atraentes, mesmo quando assustados, apesar de estarem inchados.

 

A única luminosidade presente era da lua cheia, testemunha dos acontecimentos grotescos que ali se desenrolavam, e que parecia observar tudo placidamente com seu olhar de prata.

 

Ele foi se aproximando vagarosamente de S, tirando a roupa em uma espécie de strip-tease profano. Um pouco de saliva escorria do canto de sua boca, descendo pelos fios de barba de seu queixo.

 

Ela tropeçou no lixo e caiu. Sabia que não adiantava gritar, por isso foi se arrastando em silêncio cada vez mais para o fundo do beco, como se isso pudesse de alguma forma salvá-la.

 

O ser boçal e animalesco já estava totalmente nu e se preparava para atacá-la. Não tinha pressa, pois queria aproveitar cada momento sorvendo o medo que inspirava em sua vítima. A jovem em um último ato de desespero tentou encontrar no meio do lixo algo para se defender, como um pedaço de madeira ou uma garrafa.

 

Quando tudo parecia perdido para S, algo chamou sua atenção. Escondida em meio a alguns jornais velhos ela encontrou uma arma. O que S não sabia e neste momento não importava, era o fato de aquela arma ter parado ali há cerca de três dias atrás. Um assaltante encontrara o artefato em uma casa que havia arrombado, quando foi surpreendido pela chegada do dono da residência. De posse da arma o ladrão deu três tiros no morador, deixando-o morto no próprio gramado. O meliante fugiu da cena do crime e, após andar muito pela cidade, ficou com medo de continuar com a arma, pois caso fosse apanhado ela poderia incriminá-lo, por isso entrou naquele beco e largou-a no meio dos jornais, para quem sabe em outra hora voltar para vir buscá-la - Nota do autor: ver o texto “A ARMA (parte I)”, disponível em: abrasc.blogspot.com.

 

A jovem não acreditava no que seus olhos viam. Pegou a arma sepultada durante três dias em meio a uma cova de jornais velhos e a ressuscitou em suas mãos, sentindo o calvário de medo, desespero e dor sumirem de dentro de sua alma. O psicopata já estava bem próximo a ela, e quando percebeu o que a jovem segurava parou por um momento seu avanço. Mas ele era o predador e ela apenas uma presa insignificante. Disse para mulher largar a arma, e que se ela não fizesse isso ele a tiraria dela e lhe espancaria a coronhadas, disse muitas coisas, disse muita merda.

 

S permanecia caída e meio que de joelhos na frente dele, mas era outra pessoa, havia se transformado diante do poder e da segurança que agora repousava em suas mãos. Mirou em um ponto do corpo do marginal e disparou o primeiro tiro. A bala transpassou e arrancou parte dos testículos do homem, que caiu de joelhos tomado pela dor.

 

A mulher então se levantou calmamente. Suas mãos não tremiam mais. Depois de ser tantas vezes subjugada por aquele monstro, agora era ela que estava de pé e ele de joelhos. Ele gritava de ódio e dor, vociferando como um animal ferido e praguejando toda sorte de impropérios. Dizia com voz agonizante que iria matá-la ainda mais lenta e dolorosamente. Mas ela parecia não escutar as ameaças, foi apenas circulando em volta do homem caído, até se colocar atrás dele.

 

Ela segurou a arma com força e desferiu uma coronhada na cabeça do maníaco. Com a pancada ele bateu com o rosto no chão ficando com os quadris erguidos e expostos. Então ela fez o impensável. Penetrou com o cano da arma as ancas do homem, que gritou de forma excruciante.

 

Com um leve sorriso nos lábios, que tanto poderia ser de prazer ou loucura, S enfim apertou o gatilho, disparando novamente. A bala varou as entranhas do monstro-humano dando um fim a sua vida de crimes e mortes. De escrava submissa e servil S passou a ser Rainha dominante  e triunfante de seu próprio destino.

 

A moça permaneceu um longo tempo imóvel, olhando para o nada como se estivesse em transe, até ouvir o badalar dos sinos que começaram a tocar ao longe, anunciando o amanhecer de um novo dia, era Natal. A luz do sol aos poucos foi iluminando o lugar de forma redentora. S saiu do beco caminhando em direção ao som dos sinos, renascida do inferno pelo qual passou, levando traumas que talvez nunca fosse curar, e deixando no beco a casca de carne morta do seu algoz, empalada com uma arma enfiada no rabo. Uma arma que ainda não havia terminado sua sina, e que poderia vir a ser o instrumento de novas mortes, executando sem ponderar a vontade soberana dos seres humanos que se servissem de seu poder.

 

FAZENDO MEU PÉ DE MEIA, OU SIMPLESMENTE, NOTA DO AUTOR: Aproveitando o clima natalino e com ele toda a tradição de se dar presentes de Natal e amigo secreto, vale lembrar que um livro é sempre uma boa opção de presente, e já que oferecer o próprio livro não é pecado (pecado seria atirá-lo na cabeça do Papai Noel, ou entupir alguma privada com ele), fica a dica. Caso tenham gostado da ideia, basta adquiri-lo através das livrarias Saraiva, Cameron ou no próprio site da editora AGE: www.editoraage.com.br. E se quiserem adquirir o livro AUTOGRAFADO, me enviem um e-mail para: abrasc@terra.com.bre conversamos.

 

NOVA NOTA DO AUTOR: Produzi um filme no Youtube (escrito, dirigido e encenado por este eterno aprendiz de escritor), se quiser assistir ao filme e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” (o filme foi feito em padrão 3D). Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br), ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

 

Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

 

ULTIMA DICA: Divulgue este texto aos seus amigos (vale tudo, o blog da titia, o Orkut do cunhado, o MSN do vizinho, o importante é espalhar cada texto como sementes ao vento). Mas, caso não goste, tenha o prazer de divulgá-lo aos seus inimigos (entenda-se como inimigo, todo e qualquer desafeto ou chato que por ventura faça parte de um pedaço de sua vida ou tente fazer sua vida em pedaços).

 

 

 

sábado, 18 de dezembro de 2010

PERDENDO O MEDO DE PAPAI NOEL (Autor: Antonio Brás Constante)

PERDENDO O MEDO DE PAPAI NOEL

(Autor: Antonio Brás Constante)

 

Lucas não gostava do Natal, pois morria de medo daqueles velhinhos que ficavam nas lojas, vestidos de vermelho e com barbas brancas, que pegavam crianças no colo e lhes desejavam feliz natal.

 

Seus pais se esforçavam para que ele perdesse aquele medo injustificado pelo bom velhinho. Tentavam demonstrar de todas as formas que o Papai Noel era camarada, amigo das crianças e muito bondoso até com os animaizinhos do bosque encantado de Natal.

 

Diziam que ele sempre vinha à noite. Com um saco cheio de presentes. Entrava furtivamente nas casas quando todos estavam dormindo, e preparava belas surpresas para a família inteira, pois ele era a personificação do espírito natalino, algo maravilhoso e que não deveria ser temido e sim glorificado.

 

O Natal foi se aproximando, e aos poucos Lucas foi perdendo o medo. Mas ainda assim não acreditava que aquele tal de papai Noel existisse. E foi assim, todo desconfiado, que foi dormir na noite da véspera do dia 25 de dezembro.

 

Acordou de madrugada, com um som vindo da sala. Foi caminhando bem quietinho até lá para ver o que era aquele barulho. Para seu espanto, viu aquela figura de barba branca, roupa vermelha e com um saco cheio de coisas nas costas.

 

Ficou ali olhando para ele sem acreditar. Foi quando o estranho vulto, sentindo a presença do garoto, lhe deu um belo sorriso junto com algumas balas de iogurte. Dirigiu-se para a janela aberta e saiu por ela, sumindo na noite.

 

A partir daquela data, Lucas não teve mais medo de papai Noel. Já os seus pais que ficaram a noite inteira amarrados, amordaçados e trancados dentro do banheiro (enquanto o “bom velhinho” lhes roubava a casa), passaram a temer as noites de Natal.

 

FAZENDO MEU PÉ DE MEIA, OU SIMPLESMENTE, NOTA DO AUTOR: Aproveitando o clima natalino e com ele toda a tradição de se dar presentes de Natal e amigo secreto, vale lembrar que um livro é sempre uma boa opção de presente, e já que oferecer o próprio livro não é pecado (pecado seria atirá-lo na cabeça do Papai Noel, ou entupir alguma privada com ele), fica a dica. Caso tenham gostado da ideia, basta adquiri-lo através das livrarias Saraiva, Cameron ou no próprio site da editora AGE: www.editoraage.com.br. E se quiserem adquirir o livro AUTOGRAFADO, me enviem um e-mail para: abrasc@terra.com.br e conversamos.

 

NOVA NOTA DO AUTOR: Produzi um filme no Youtube (escrito, dirigido e encenado por este eterno aprendiz de escritor), se quiser assistir ao filme e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” (o filme foi feito em padrão 3D). Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br), ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

 

Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

 

ULTIMA DICA: Divulgue este texto aos seus amigos (vale tudo, o blog da titia, o Orkut do cunhado, o MSN do vizinho, o importante é espalhar cada texto como sementes ao vento). Mas, caso não goste, tenha o prazer de divulgá-lo aos seus inimigos (entenda-se como inimigo, todo e qualquer desafeto ou chato que por ventura faça parte de um pedaço de sua vida ou tente fazer sua vida em pedaços).

 

 

 

sábado, 11 de dezembro de 2010

COMO SERIA O PIOR RESTAURANTE DO MUNDO? (Autor: Antonio Brás Constante)

COMO SERIA O PIOR RESTAURANTE DO MUNDO?

(Autor: Antonio Brás Constante)

 

Visto que estamos em um período do ano repleto de festividades, com muita comilança e tudo mais. Onde as festas são regadas por mesas fartas e saborosas, botei o cérebro para funcionar em engenharia reversa (ou qualquer coisa assim) e fiquei pensando: Como poderia ser o pior restaurante do mundo? Provavelmente seria um lugar onde os mais horríveis e horripilantes pesadelos da culinária seriam servidos ao freguês sem dó nem piedade. Lá você encontraria vários tipos de pratos frios, aliás, todos os pratos lá seriam frios, até as sopas, mas em compensação o suco estaria sempre quente. Falando em suco, quem descobrisse o gosto do suco ganharia um copo limpo (porém, quebrado) para bebê-lo.

 

As tentativas do restaurante em criar porcos e galinhas para serem servidos nas refeições acabariam sendo infrutíferas, porque ao tentaram engordar os animais alimentando-os somente com a comida servida no restaurante, os porcos passariam a fazer greve de fome e as aves virariam canibais.

 

A comida seria servida a moda da casa, tipo assim, da casa de detenção. Chegando lá você nem precisaria consultar o cardápio, já que existiriam apenas duas opções: Comer ou não. Para saber o que já foi servido lá durante todo mês, o cliente (cliente?) bastaria olhar para a roupa encardida das atendentes, onde as manchas em seus uniformes detalhariam a comida que foi por elas maltratada, digo: cozinhada.

 

O pior restaurante do mundo seria o único lugar do planeta onde, além de lavar as mãos, a pessoa também teria que lavar os pratos, talheres e copos, caso quisesse comer utilizando utensílios limpos. Também seria um restaurante considerado 100% “self service” já que antes de se servir no bufê a pessoa teria que buscar sua bandeja e demais acessórios que estariam espalhados e sujos pelas mesas, pela pia da cozinha, e até pelo chão.

 

Podemos dizer que seria um local que conseguiria aflorar a religiosidade nas pessoas, pois, após provar da comida qualquer indivíduo passaria a acreditar que o inferno existe e que resolveu abrir uma franquia justamente naquele lugar. Neste restaurante os clientes perceberiam que o que não mata engorda (e muitos dos que comeriam lá não engordariam exatamente por esse motivo), poderíamos até comparar suas refeições com os cogumelos, pois como muitos já sabem: todos os cogumelos são comestíveis, alguns só uma vez...

 

A pessoa que se aventurasse a conhecer este restaurante se obrigaria a comer devagar, bem devagar, saboreando o que tem na boca e evitando assim, mastigar alguma pedra ou inseto que por ventura estivesse camuflado no meio dela.

 

Como todo restaurante tem normas de conduta, não seria permitido fumar nas mesas, por isso os funcionários do lugar fumariam na cozinha mesmo, enquanto preparariam os alimentos, separando, por exemplo, a parte boa das carnes e legumes das partes estragadas, pois essas seriam utilizadas para preparar os molhos, purês, bolinhos e tudo mais que pudesse disfarçar que aquilo já não prestaria mais para o consumo.

 

Enfim, para não se pensar que no pior restaurante do mundo só encontraríamos coisas ruins, vale lembrar que lá seria um ótimo lugar para quem quer perder peso, iniciar uma dieta forçada, ou simplesmente tentar o suicídio gastronômico através da ingestão de sua incomestível comida.

 

FAZENDO MEU PÉ DE MEIA, OU SIMPLESMENTE, NOTA DO AUTOR: Aproveitando o clima natalino e com ele toda a tradição de se dar presentes de Natal e amigo secreto, vale lembrar que um livro é sempre uma boa opção de presente, e já que oferecer o próprio livro não é pecado (pecado seria atirá-lo na cabeça do Papai Noel, ou entupir alguma privada com ele), fica a dica. Caso tenham gostado da ideia, basta adquiri-lo através das livrarias Saraiva, Cameron ou no próprio site da editora AGE: www.editoraage.com.br. E se quiserem adquirir o livro AUTOGRAFADO, me enviem um e-mail para: abrasc@terra.com.br e conversamos.

NOVA NOTA DO AUTOR: Produzi um filme no Youtube (escrito, dirigido e encenado por este eterno aprendiz de escritor), se quiser assistir ao filme e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” (o filme foi feito em padrão 3D). Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br), ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

 

Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

 

ULTIMA DICA: Divulgue este texto aos seus amigos (vale tudo, o blog da titia, o Orkut do cunhado, o MSN do vizinho, o importante é espalhar cada texto como sementes ao vento). Mas, caso não goste, tenha o prazer de divulgá-lo aos seus inimigos (entenda-se como inimigo, todo e qualquer desafeto ou chato que por ventura faça parte de um pedaço de sua vida ou tente fazer sua vida em pedaços).

 

sábado, 4 de dezembro de 2010

Presentes para se fazer presente (Autor: Antonio Brás Constante)

NOTA DO AUTOR: Aproveitando o clima natalino e com ele toda a tradição de se dar presentes de Natal e amigo secreto, vale lembrar que um livro é sempre uma boa opção de presente, e já que oferecer o próprio livro não é pecado (pecado seria atirá-lo na cabeça do seu vizinho, ou entupir alguma privada com ele), fica a dica. Caso tenham gostado da ideia, basta adquiri-lo através das livrarias Saraiva, Cameron ou no próprio site da editora AGE: www.editoraage.com.br. E aos leitores mais próximos, que quiserem adquirir o livro autografado e diretamente com este autor que vos escreve, me enviem um e-mail para: abrasc@terra.com.br e conversamos. A todos uma boa leitura.

 

Presentes para se fazer presente

(Autor: Antonio Brás Constante)

 

Se for um abraço, que me envolva em seus braços;

Se for um beijo, que eu sinta sua boca;

Se for morder, que use os dentes;

Se for um tapa, bata com a mão;

Se for um palavrão, que seja feio;

Se for um grito, que seja alto;

Se for um elogio, que seja verdadeiro;

Se for uma ameaça, que seja falsa;

Se for uma caneta, que escreva;

Se for um sorriso, que mexa seus lábios;

Se for vingança, conceda o perdão;

Se for uma lágrima, que seja salgada;

Se for dinheiro, seja generoso;

Se for um tiro, que erre;

Se for um palpite, que acerte;

Se for engraçado, que faça rir;

Se for um olhar, que toque minha alma;

Se for um doce, que seja doce;

Se for um filme, que não seja chato;

Se for Mulher, que faça um afago;

Se for Homem, que traga uma garrafa de trago;

Se for um charuto, jogue fora;

Se for uma aventura, que valha a pena;

Se for um livro que seja o livro: “Hoje é seu aniversário – prepare-se”

Se for um cálice de veneno, cruzemos as taças;

Se for frio, que arrepie;

Se for luz, que ilumine;

Se for seu coração, que seja especial;

Se for bacon, que seja frito;

Se for um sentimento, que marque;

Se for uma emoção, que comova;

Se for uma dor, que passe;

Se for solidão, que desapareça;

Se for desprezo, guarde-o para si;

Se for melancolia, que entristeça;

Se for uma prece, que abençoe;

Se for um carinho, que me toque;

Se for ruim, que não aconteça;

Se for a morte, reconsidere;

Porém, se for apenas um pensamento entregue através de um sussurro, será eterno, pois guardarei sempre na lembrança que você é um pão-duro.

 

NOVA NOTA DO AUTOR: Produzi um filme no Youtube (escrito, dirigido e encenado por este eterno aprendiz de escritor), se quiser assistir ao filme e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” (o filme foi feito em padrão 3D). Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br), ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

 

Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

 

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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

C.U (Cartão Único) E OUTRAS PÉROLAS PARA PENSAR - (Autor: Antonio Brás Constante)

C.U (Cartão Único) E OUTRAS PÉROLAS PARA PENSAR

(Autor: Antonio Brás Constante)

 

Sempre que rola um novo assunto no ar, prepare-se para receber em textos, sem qualquer pretexto, novas pérolas para pensar.

 

Saiu na mídia: O jogador (e pós-adolescente recente) Neymar foi eleito o homem do ano, provavelmente com base em sua conta bancária, que é coisa de gente grande. O que não faltam agora são meninas atrás dele, sonhando em ser uma nova Sthefany em busca de seu pato encantado.

 

Desencontros da vida (financeira), o ano esta acabando e o salário já acabou, mas as dívidas continuam...

 

Enquanto isso no Rio de Janeiro a violência é tão grande que o troco agora está sendo dado sempre em balas. Foram chamados tantos reforços para conter a situação, que já tem até policial saindo pelo ladrão.

 

Falando em violência, lembrei de um áudio de humor que ouvi a algum tempo atrás do fabuloso Ary Toledo sobre um tal de documento unificador que seria implantado pelo governo. E como cada vez mais política e palhaçada andam de mãos dadas e fazendo tiriças ao som de tiriricas (a propósito, fica a pergunta: se votar no Tiririca é coisa de abestado, votar em Malufs, Collors e Sarneys, entre outros, é o quê? Coisa de abostado?). Achei que a ideia descrita no áudio seria uma boa saída para tanta burocracia, já que o referido documento substituiria todos os demais, tais como: CPF, Carteira de trabalho, passaporte e até cartões de crédito. Até onde lembro, o documento foi denominado como: “Cartão Único” (ou qualquer coisa assim), o inconveniente seria apenas a sua sigla: C.U.

 

Muitos achariam a ideia realmente interessante, visto que poderiam pegar seus vários documentos e colocar tudo no C.U. Outros já não gostariam tanto assim da ideia, pois teriam de ficar mostrando o C.U. para todo mundo. A tecnologia estaria presente neste novo tipo de identificação, e muitos criminosos seriam reconhecidos e presos, graças a um chip que seria introduzido em seu C.U.

 

Mas como eu dizia, com toda esta onda de violência que assola muitas regiões (atualmente com holofotes no RJ), onde o indivíduo pode ser abordado a qualquer momento sem aviso, penso que agora mais do que nunca, caso existisse tal documento, seria prudente a pessoa sair de casa sempre com o C.U. na mão. Como este Cartão Único teria a foto de seu usuário e funcionaria como carteira de habilitação, o motorista que tivesse a cara igual ao C.U. poderia seguir viagem tranqüilamente por aí.

 

Por ser cartão de crédito, também haveria riscos, pois, sem qualquer aviso, poderia aparecer um ladrão por trás de você gritando: “O C.U. OU A VIDA!”, e como ninguém quer morrer, seriamos obrigados a dar o C.U. aos marginais. Mas esta função de crédito ajudaria bastante nas idas ao shopping com a esposa para fazerem compras pelas lojas, sabendo que na hora de pagar a conta sua mulher diria toda sorridente ao vendedor: “coloque tudo no C.U. do meu marido, por favor.”. Em uma roda de amigos, nos barzinhos, você poderia usar seu crédito e dizer: “Garçom, hoje é por minha conta, pode botar o que quiserem no meu C.U.”.

 

Mas cuidado! Pois com o C.U. não se brinca. Avisos na imprensa orientariam sobre coisas do tipo: “Não dê o C.U. para estranhos”, informando que eles poderiam fazer um mau uso dele, e ninguém iria querer ter o seu C.U. sujo na praça, e o que é pior, na mão dos outros. Por outro lado quem tivesse um C.U. limpo e bem apresentável, poderia ter crédito ilimitado.

 

Depois de tudo isso que lhe falei, você consegue imaginar o poder que o seu C.U. teria? E tudo aquilo que você poderia conseguir através dele? O C.U. passaria a ter status social e viraria objeto de desejo. Pense nisso.

 

Enfim, para quem está aí pensando: “por que o texto começou de um jeito e seguiu por outro?”, eu explico: é que com tanta violência jorrando pela tela da televisão e em volta de nossas vidas, escancaradamente nestes últimos dias, o medo virou uma matéria-prima que invadiu nossos lares e almas, atormentando nossa passageira existência. Nessas horas onde é preciso saber quem é quem, um documento como este que citei faz falta, principalmente quando nos lembramos da frase: “quem tem C.U. tem medo...”

 

NOVA NOTA DO AUTOR: Produzi um filme no Youtube (escrito, dirigido e encenado por este eterno aprendiz de escritor), se quiser assistir ao filme e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” (o filme foi feito em padrão 3D). Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br), ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

 

Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

 

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sábado, 20 de novembro de 2010

A ARMA (PARTE I) - (Autor: Antonio Brás Constante)

A ARMA (PARTE I)

(Autor: Antonio Brás Constante)

 

O primeiro tiro atingiu seu peito. Atravessando a roupa e penetrando em seu corpo. Não houve dor. Ele apenas passou a sentir uma leve ardência onde foi atingido. Logo após ouvir o som do estampido seco saído do revólver, nada mais pareceu real ou fez sentido.

 

O segundo tiro perfurou seu estômago, e o terceiro pegou de raspão em seu braço. Aos poucos a consciência foi lhe abandonando. A visão foi embaralhando, porém, o resto dos sentidos pareceu se aguçar. Pôde perceber o gosto acre de sangue subindo pela sua garganta, invadindo a boca e escorrendo pelo queixo. O cheiro de pólvora chegando forte em suas narinas.

 

Cambaleou como uma marionete que tem as cordas cortadas, despencando no chão. Deu alguns passos em direção a rua até finalmente cair no gramado. Antes de perder totalmente os sentidos, ainda conseguiu apoiar o corpo com uma das mãos. O toque de seus dedos sobre grama fria foi a ultima coisa que sentiu.

 

Um derradeiro gemido escapou de seus lábios, pronunciando que o último sopro de vida finalmente se esvaiu de seu corpo. O cadáver imóvel ficou esticado como um tapete próximo à porta de sua residência.

 

Naquele momento um vulto passa pelo homem sem vida. O autor dos disparos foge da cena de morte, tentando escapar da impunidade. Ele leva consigo a arma. Coadjuvante do crime. Comprada pelo defunto para servir de proteção contra criminosos.

 

O que havia iniciado como um arrombamento a uma residência transformara-se em um crime cruel, graças à presença daquele revólver. O falecido, dono da casa, ao adquirir aquela peça de armamento, jamais imaginaria que ela seria o arauto de sua morte.

 

Se ele não possuísse aquela arma, ainda estaria vivo. O bandido até então desarmado teria fugido com o barulho de sua chegada, ao invés de ter investido contra ele por estar armado.

 

Graças à atitude do atual cadáver, mais um criminoso se armou, passando a fazer novas vítimas por seu ignóbil caminho. Mas para aquele indivíduo, que ansiava por segurança, isto não importava mais. O revólver que ele comprou finalmente lhe trouxe a paz que procurava, de uma forma que ele nunca poderia esperar encontrar.

 

NOVA NOTA DO AUTOR: Produzi um filme no Youtube (escrito, dirigido e encenado por este eterno aprendiz de escritor), se quiser assistir ao filme e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” (o filme foi feito em padrão 3D). Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br), ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

 

Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

 

ULTIMA DICA: Divulgue este texto aos seus amigos (vale tudo, o blog da titia, o Orkut do cunhado, o MSN do vizinho, o importante é espalhar cada texto como sementes ao vento). Mas, caso não goste, tenha o prazer de divulgá-lo aos seus inimigos (entenda-se como inimigo, todo e qualquer desafeto ou chato que por ventura faça parte de um pedaço de sua vida ou tente fazer sua vida em pedaços).

 

 

 

sábado, 13 de novembro de 2010

RUMO AO UNIVERSO (mas olhando para os dois lados antes de atravessar a lua). - (Autor: Antonio Brás Constante)

RUMO AO UNIVERSO (mas olhando para os dois lados antes de atravessar a lua).

(Autor: Antonio Brás Constante)

 

Viajar pelo universo ainda é uma utopia, mas com todos os avanços tecnológicos que andam ocorrendo a cada dia, existe uma boa possibilidade de irmos para o espaço muitos antes do que imaginávamos, e com isso ganharmos mais espaço, já que nosso planeta esgotou quase todos os seus recursos (e quem sabe até a paciência de ter que nos levar literalmente nas costas).

 

Quando finalmente possuirmos a oportunidade de singrar o espaço sideral, muitas coisas poderão acontecer, por exemplo: ao dizer que sua namorada é uma deusa de outro mundo, você poderá estar falando no sentido literal. Ao comentar que daria as estrelas como prova de seu amor, você terá a oportunidade de realmente comprá-las e dá-las de presente (mas não acredite muito nisso). Além dos atuais riscos de seu computador ser invadido, também haverá o risco de seu planeta ser invadido.

 

Ao invés de dizer que Deus é brasileiro, vão dizer que Deus é terrestre, algo que não será bem aceito por outras raças alienígenas, então será cultuada uma percepção mais abrangente (Belém não será um lugarejo na Terra, mas sim, um lugarejo em algum ponto do espaço), enfatizando que o conceito de Deus é algo realmente universal (porém, a ideia de múltiplos universos paralelos ainda não será muito bem aceita). Ele (Deus) não poderá mais ser apenas a imagem e semelhança de um ser humano do sexo masculino, e passaremos a dizer que Ele é a imagem e semelhança da energia vital, porém desconhecida, que fluí através de todos os átomos, mas que desconhecemos porque ainda não dispomos de instrumentos que possam ver esta belezinha (talvez o LHC com o tempo melhore isso). Esta composição energética que permeia os átomos será a única coisa semelhante entre os diversos seres espalhados pelo universo (pelo menos até esse hipotético momento futuro) e que terão muitas vezes uma estrutura molecular bem diferente de tudo eu conhecemos (sem átomos de carbono, por exemplo).

 

A exportação de produtos ganhará dimensões nunca antes vistas, e poderemos vender carros que servirão de souvenir no mundo dos gigantes de Urkolls, e chegaremos a lançar um best seller “como destruir seu planeta em poucos milênios”. Nossos produtos sofrerão embargos em alguns sistemas solares por considerarem os mamíferos seres impuros, e muitos humanos não vão querer negociar com as criaturas do planeta Demonita (na realidade “demonita” seria um apelido terrestre, pois o nome do planeta seria “Su UeE’tDa” ou algo parecido com isso) justamente por causa da aparência dos habitantes de lá, que teriam a pele avermelhada, chifres, asas de morcego, rabo, e respirariam enxofre, apesar disso seriam criaturas extremamente pacíficas.

 

Planetas vegetarianos fariam boicote contra o nosso hábito de comer carne por acharem aquilo uma crueldade contra outros animais, e planetas habitados por plantas humanóides fariam boicotes ao nosso hábito de comer legumes, frutas e vegetais pelo mesmo motivo.

 

O sonho de muitos terrestres passará a ser algo como ter uma casinha em uma das luas do sistema de Andrômeda, um sistema solar com quatro sóis, recheado de praias paradisíacas e uma atmosfera energética (melhor do que qualquer comprimidinho azul). A expectativa de vida de um ser humano normal que vivesse por lá, seria de aproximadamente 350 anos.

 

O klengol (misto de linguagem de sinais e ruídos aparentemente de voz) tornaria-se a linguagem universal, mas não seria fácil nos comunicarmos através dela, visto que somente possuímos dois braços e, principalmente, porque não temos cauda.

 

Apesar de toda tecnologia, ainda haveria riscos de apagões estelares, com atrasos em viagens superiores a da luz (teoricamente possíveis através dos chamados “buracos de minhocas”). A cozinha universal contaria com pratos exóticos, inclusive alguns feitos com carne humana. Por isso em alguns lugares você será muito bem apreciado, acompanhado de batatas e um bom vinho do planeta Mytrax+1.

 

Enfim, várias adequações terão de acontecer para vivermos em harmonia dentro da nossa futura realidade universal, até o dia em que também seja possível viajar entre os infinitos planos de existência, mas isto já é assunto para um próximo texto (ou não).

 

NOVA NOTA DO AUTOR: Produzi um filme no Youtube (escrito, dirigido e encenado por este eterno aprendiz de escritor), se quiser assistir ao filme e quem sabe dar boas risadas, basta acessar o Youtube e procurar por: “3D – Hoje é seu aniversário” (o filme foi feito em padrão 3D). Quem quiser também pode me pedir uma cópia em PDF do meu livro: “Hoje é seu aniversário – PREPARE-SE”, disponível pela editora AGE (www.editoraage.com.br), ou para fazer parte de minha lista de leitores, que recebem semanalmente meus textos, para isso basta enviar um e-mail para: abrasc@terra.com.br.

 

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sábado, 6 de novembro de 2010

A ESSÊNCIA DAS ROSAS SEM PERFUME - (Autor: Antonio Brás Constante)

A ESSÊNCIA DAS ROSAS SEM PERFUME

(Autor: Antonio Brás Constante)

 

As lágrimas de sangue que escorrem de meus olhos são essências de rosas sem perfume.

 

Cultivadas em um pomar de tristezas; sementes estéreis em uma face de incertezas;

 

Sou agricultor de saudades, plantadas em minha remoída memória já tão sofrida.

 

Regadas com dores eternas, que perambulam por uma mente que jaz em feridas.

 

Não há brotos em meu peito, flores coloridas ou frutos que me tragam prazer.

 

Somente um choro perdido, lavando e levando cada sentimento de meu ser.

 

Como brumas largadas ao sabor amargo do vento frio com jeito de morte.

 

Agora chegou o momento final, que venha enfim a tal colheita maldita,

 

Ceifando impiedosa a seiva podre que se tornou parte de minha vida.

 

Sinto-me tal qual adubo, poeira, gotas amargas de água com sal,

 

Sou uma casca quebrada e sem fruto, espiral de existência oca,

 

Folhas secas ao sol. Trincadas. Cor marrom. Empoeiradas,

 

Bagaço cuspido sem dó, sem sumo, sem alma, sem rumo,

 

Amor perdido por luto, colhido e guardado na história,

 

Raízes profundas da mais simples e cruel solidão.

 

Rosas sem perfume são exemplares da traição;

 

Um vampiro a gargalhar em minha jugular;

 

Não se engane pela beleza dessas flores;

 

Suas cores são matizes de dores;

 

Ervas daninhas e danosas;

 

Manancial de espinhos;

 

Sádicos tons florais.

 

Rudes Trepadeiras;

 

Heras venenosas;

 

Desatino forte.

 

Destino torpe.

 

Falsidade.

 

Morte...

 

 

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Site: recantodasletras.uol.com.br/autores/abrasc

 

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LIVRO

PARA DOWNLOAD DO LIVRO "Hoje é seu Aniversário - PREPARE-SE"

sábado, 30 de outubro de 2010

ATÉ O FIM PELAS CHAMAS (AUTOR: Antonio Brás Constante)

ATÉ O FIM PELAS CHAMAS

(AUTOR: Antonio Brás Constante)

 

Natanael era o poderia se chamar de pessoa obstinada. Quando resolvia que faria algo, nada nem ninguém conseguiam fazê-lo mudar de idéia. Ele tinha duas metas naquela tarde, uma delas era entrar no prédio mais alto da cidade, com seus vinte e oito andares.

 

Foi com grande surpresa que ao chegar próximo ao local onde se localizava o prédio, percebeu a grande movimentação de pessoas que corriam e gritavam. Soubera ali que o edifício estava em chamas. Qualquer outra pessoa teria mudado os planos, mas não Natanael, que seguiu em frente disposto a tudo para cumprir seus objetivos.

 

Em meio a todo aquele tumulto não foi difícil se aproximar do edifício, passar pelos guardas e começar a subir pelas escadarias. A fumaça era densa e sufocante. Gritos de desespero ecoavam de todos os lados. Um verdadeiro inferno em terra. Já nos primeiros andares orientou algumas pessoas sobre os locais de saída ajudando-as a descer até o primeiro andar.

 

Voltou a subir. Ao chegar ao oitavo andar ouviu um pedido de socorro. Duas crianças estavam presas no meio do fogo. Natanael pulou através das chamas, queimando-se um pouco, agarrou os dois pequenos no colo, cobriu-os com um pano molhado, improvisado de uma cortina, e voltou a atravessar o fogo.

 

O calor queimando-lhe a carne. A fumaça entorpecendo seus sentidos e ferindo seus pulmões. Conseguiu atravessar o corredor de labaredas e voltar às escadas, descendo com as crianças até o terceiro andar, e ao perceber a aproximação dos bombeiros largou-as ali e continuou a sua jornada para cima.

 

Estava chegando ao décimo nono andar quando escutou um barulho estranho vindo dali. Os andares de baixo já estavam tomados pelas chamas, que subiam em sua direção, cada vez mais rápido. Andou pelos corredores escuros, até identificar a origem do barulho. Era um apartamento com dois gatos que miavam apavorados. Junto a eles uma senhora encontrava-se desmaiada, caída próxima a cama.

 

Voltando ao corredor, viu uma mangueira de incêndio. Amarrou-a na velha senhora, junto com seus gatos presos em um lençol. Começou a descê-los lentamente, por uma das paredes sobre a qual o fogo ainda não estava aparecendo.

 

Os policiais e bombeiros esticaram uma escada e conseguiram resgatar a mulher e seus bichanos. Mas não viram mais o rapaz na janela. A escada não subia até o andar onde ele se encontrava. Mas afinal quem era aquele homem?

 

Natanael continuou subindo, passando pelos andares que faltavam. Pensando no que fizera. Ninguém deveria morrer ali. “Não era o destino deles”, ele pensava. Aquelas pessoas não queriam morrer e por isto ele as salvou.

 

Por fim conseguiu chegar ao alto do prédio. A fumaça subia aos céus em colunas gigantescas e disformes. As chamas logo abaixo dele começavam a comprometer a estrutura do edifício. Ele se aproximou do parapeito e ficou ali por alguns momentos, olhando o céu azul manchado de fuligem. Os sons de sirenes e pessoas muito abaixo, parecendo apenas sussurros.

 

Seu corpo estava leve. Conseguira cumprir a primeira etapa de seus propósitos. Sentia-se como se estivesse no topo do mundo. A cidade inteira aos seus pés.  Abriu os braços como um pássaro e saltou para morte. Um anjo com a missão de executar seu próprio fim. No bolso da calça as suas justificativas para o ato. E no coração das pessoas por ele socorridas, o eterno agradecimento para com aquele estranho suicida, que deu sua vida para salvá-las.

 

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